O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot disse que planejou assassinar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O episódio teria ocorrido em 2017. As informações foram publicadas nesta quinta-feira (26) pelos jornais O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e pela revista Veja.
Janot disse à Veja que chegou a engatilhar a arma, ficou a menos de dois metros do ministro, mas não conseguiu efetuar o disparo. A razão do plano de Janot teria sido um ataque de Mendes à sua filha:
Esse inspetor Javert da humanidade resolveu equilibrar o jogo envolvendo a minha filha indevidamente. Tudo na vida tem limite. Naquele dia, cheguei ao meu limite. Fui armado para o Supremo. Ia dar um tiro na cara dele e depois me suicidaria. Estava movido pela ira. Não havia escrito carta de despedida, não conseguia pensar em mais nada. Também não disse a ninguém o que eu pretendia fazer”, disse Rodrigo Janot.
O ex-PGR também revelou que chegou a mudar a arma de mão quando viu o dedo indicador da mão direita paralisado:
Esse ministro costuma chegar atrasado às sessões. Quando cheguei à antessala do plenário, para minha surpresa, ele já estava lá. Não pensei duas vezes. Tirei a minha pistola da cintura, engatilhei, mantive-a encostada à perna e fui para cima dele. Mas algo estranho aconteceu. Quando procurei o gatilho, meu dedo indicador ficou paralisado. Eu sou destro. Mudei de mão. Tentei posicionar a pistola na mão esquerda, mas meu dedo paralisou de novo. Nesse momento, eu estava a menos de dois metros dele. Não erro um tiro nessa distância. Pensei: ‘Isso é um sinal’. Acho que ele nem percebeu que esteve perto da morte”.
Rodrigo Janot disse ter alegado que não estava bem e se retirado do Tribunal quando percebeu ter falhado em seu plano.
Explicou também que, se tivesse êxito na execução de Gilmar Mendes, se suicidaria em seguida:
Não sei o que aconteceria se tivesse matado esse porta-voz da iniquidade. Apenas sei que, na sequência, me mataria”.
Após a revelação do episódio, Gilmar Mendes disse que Rodrigo Janot precisa de ajuda psiquiátrica:
Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País. Recomendo que procure ajuda psiquiátrica”.